Um vídeo gravado por um morador de Palmeira dos Índios viralizou nas redes sociais na manhã desta quarta-feira (09), poucas horas após a deflagração da Operação Lisura, da Polícia Federal, que apura supostas fraudes eleitorais em Minador do Negrão. (Assista ao vídeo abaixo da matéria).

Com tom irônico e carregado de crítica, a encenação ganhou destaque pela forma como retrata um escândalo político que envolve pessoas ligadas a práticas ilícitas, como compra de votos durante o período de campanhas eleitorais.

Nas imagens, o homem encena uma negociação ilícita, trocando simbolicamente o título de eleitor por dinheiro: "atrás das grades de um muro, ele entrega o título de eleitor e recebe uma cédula de R$ 100,00 do suposto comprador de votos."A sátira é acompanhada de frases que escancaram a percepção popular sobre os métodos ilegais utilizados durante campanhas: — “Eita, a Federal tá aí! Operação Lisura, viu? Fica caladinho, que tu trabalhasse assim, viu? Ói, ói! Fica caladinho, viu? A Federal tá na área!” — diz o autor do vídeo.

O conteúdo rapidamente se espalhou em aplicativos de mensagens e redes sociais, sendo compartilhado em grupos políticos e entre moradores da cidade. A encenação, apesar do tom bem-humorado, reflete o descrédito da população diante de práticas ilícitas que há anos comprometem a lisura do processo eleitoral no Brasil.

Operação Lisura

Deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (9), a Operação Lisura investiga um suposto esquema de compra de votos envolvendo cabos eleitorais, candidatos e apoiadores políticos de Minador do Negrão. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão naquele município, e viaturas da corporação também foram vistas em Palmeira dos Índios, onde supostos envolvidos residem ou mantêm relações políticas.

A investigação tem como foco a apuração de fraudes na transferência de domicílio eleitoral, especialmente do município de Minador do Negrão para outras cidades, inclusive de estados vizinhos. O objetivo, segundo a PF, seria favorecer eleitoralmente um candidato a prefeito nas últimas eleições municipais.

A apuração teve início após denúncias de eleitores que perceberam ter seus dados utilizados indevidamente para mudanças de local de votação. Segundo a Polícia Federal, o principal investigado no esquema teria articulado a alteração em massa dos locais de votação de diversos eleitores, com fins claramente políticos e eleitorais.

Durante o cumprimento dos mandados, foi apreendido material que deverá robustecer as provas do crime e auxiliar na identificação da autoria. A PF apura ainda o uso irregular da plataforma “Título Net”, ferramenta digital da Justiça Eleitoral, que teria sido usada para burlar o sistema de transferências legais de domicílio eleitoral.

As investigações seguem em sigilo, mas novas fases da operação não estão descartadas, a depender da análise do material apreendido.

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Portal Todo Segundo (@todosegundo)