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Alagoas
Postada em 26/05/2025 09:36 | Atualizada em 26/05/2025 11:59 | Por Todo Segundo

Sudene contradiz discurso do Governo de Alagoas sobre geração de empregos

Mesmo com discurso do governo, Estado segue atrás dos vizinhos e fora dos polos de crescimento
Dados da Sudene contradizem discurso do Governo de Alagoas sobre geração de empregos - Foto: Divulgação

Apesar do discurso recorrente do Governo de Alagoas de que o Estado seria o que mais cresce no Nordeste, os dados oficiais mais recentes apontam na direção oposta. Segundo o Boletim Temático Emprego e Rendimento, divulgado na última semana pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Alagoas apresentou desempenho modesto na criação de empregos formais e segue estagnado em indicadores de rendimento médio da população.

O levantamento mostra que o Nordeste, como um todo, viveu um avanço no número de trabalhadores com carteira assinada entre 2023 e 2024. Foram mais de 355 mil novos postos formais, o que representa crescimento de 4,9%, totalizando 7,6 milhões de empregos formais. No entanto, Alagoas teve desempenho inferior a Estados vizinhos: ficou na quarta posição no ranking nordestino, com aumento de 4,9%, enquanto o Rio Grande do Norte (7,3%), Paraíba (6,5%) e Sergipe (5,4%) lideraram a geração de empregos na região.

Interior apagado

Um dos dados mais preocupantes apontados pelo boletim da Sudene é o apagamento das cidades alagoanas do interior na geração de novas vagas. Municípios de porte médio e grande em outros Estados nordestinos aparecem como motores do desenvolvimento regional, mas Alagoas ficou de fora desse movimento.

Feira de Santana (BA) lidera como maior polo gerador de empregos formais no interior do Nordeste, com mais de 142 mil postos. Cidades como Imperatriz (MA), Juazeiro do Norte (CE) e Mossoró (RN) também se destacaram com mais de 50 mil vagas cada. Nenhuma cidade alagoana, fora da Região Metropolitana de Maceió, aparece entre os principais destaques no estudo.

Retrocesso nos rendimentos

Os indicadores de renda também mostram estagnação ou queda na participação dos alagoanos em faixas salariais mais elevadas. Em 2013, Alagoas representava 5,8% dos nordestinos que recebiam entre 1 e 2 salários mínimos. Dez anos depois, esse percentual recuou para 5,5%.

A retração é ainda mais acentuada entre os que recebem acima de 5 salários mínimos. Em 2013, 5,1% desses trabalhadores eram alagoanos. Em 2023, o número caiu para 4%, evidenciando a perda de dinamismo da economia alagoana em setores de maior qualificação e renda.

Hoje, a remuneração média da massa trabalhadora no Estado é de R$ 2.358,12 – abaixo da média do Nordeste, de R$ 2.535,53. Mesmo Estados historicamente mais pobres, como Maranhão e Sergipe, apresentaram rendas médias superiores.

Propaganda x Realidade

Os números oficiais da Sudene expõem um descompasso entre a propaganda oficial do Governo de Alagoas e os indicadores socioeconômicos mais recentes. Enquanto o Palácio República dos Palmares promove a ideia de um Estado em pleno crescimento, os dados revelam um cenário de baixo dinamismo fora da capital e dificuldades estruturais para ampliar os rendimentos da população.

A ausência de cidades indutoras de emprego no interior alagoano e o desempenho abaixo da média regional colocam em xeque a eficácia das políticas públicas de desenvolvimento e descentralização adotadas na última década. Em um cenário de retomada do crescimento no Nordeste, Alagoas parece avançar em ritmo mais lento – e desigual.

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