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Alagoas
Postada em 27/05/2025 09:25 | Atualizada em 27/05/2025 10:02 | Por Todo Segundo

Mais da metade dos lares em Alagoas são chefiados por mulheres

Realidade desafia políticas públicas e evidencia força das mães solo no estado
Mais da metade dos lares no Estado de Alagoas são chefiados por mulheres, aponta IBGE - Foto: Freepik

O perfil das famílias brasileiras tem mudado, e em Alagoas esse retrato ganha contornos marcantes. Segundo dados do Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres já são responsáveis por 51,7% dos lares alagoanos. O número coloca o estado entre os dez do país em que as mulheres chefiam mais da metade das residências.

Além de Alagoas, fazem parte dessa lista: Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%), Maranhão (53%), Amapá (52,9%), Ceará (52,6%), Rio de Janeiro (52,3%), Paraíba (51,7%), Bahia (51,0%) e Piauí (50,4%). Em todos esses estados, o percentual de lares chefiados por mulheres já ultrapassa os 50%. E em grande parte dos casos, essas mulheres são mães solo, que arcam sozinhas com a responsabilidade de sustento e cuidado dos filhos.

O rosto feminino da resistência

Na maioria das situações, essas chefias femininas não dividem responsabilidades com um companheiro. São mulheres que acumulam jornadas múltiplas — no trabalho, em casa e na criação dos filhos — enfrentando, sozinhas, os desafios econômicos e sociais da maternidade solo.

"Há uma feminização da pobreza em Alagoas, e isso se cruza com o fato de que essas mulheres são, majoritariamente, negras e periféricas", aponta a assistente social Carla Silva, pesquisadora da Ufal. "Não se trata apenas de liderança no lar, mas de sobrecarga."

Realidade que exige resposta

Para especialistas, o crescimento das mulheres chefes de família precisa ser encarado como um alerta para a formulação de políticas públicas mais efetivas, que ofereçam suporte à maternidade solo e garantam oportunidades reais de inserção no mercado de trabalho, acesso à educação e moradia digna.

Programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, têm sido um dos principais apoios para essas mulheres. No entanto, a superação da vulnerabilidade estrutural exige mais do que auxílios pontuais.

Empreendedorismo como alternativa

Diante da dificuldade de encontrar emprego formal, muitas dessas mulheres têm recorrido ao empreendedorismo como forma de garantir a renda da família. A diarista que virou confeiteira, a cabeleireira que montou um salão em casa, a costureira que começou a vender pela internet — essas histórias se multiplicam nos bairros das grandes cidades e também nos interiores alagoanos.

“Ser mãe solo é uma luta diária. Eu precisei me reinventar para dar conta de tudo”, conta Maria das Graças, de 38 anos, moradora do bairro do Benedito Bentes, em Maceió. Com três filhos, ela montou um pequeno negócio de marmitas e hoje sustenta a casa com o próprio esforço.

Desigualdades persistem

Mesmo sendo maioria nos lares, as mulheres ainda enfrentam desigualdades salariais, dificuldade de acesso a crédito e escassez de políticas de cuidado infantil, como creches e escolas em tempo integral. Segundo dados do IBGE, mulheres chefes de família têm, em média, renda menor do que os homens na mesma posição, o que compromete a qualidade de vida dos filhos e perpetua ciclos de pobreza.

Um futuro que passa pelas mulheres

O dado de que mais da metade dos lares alagoanos são chefiados por mulheres é, ao mesmo tempo, um retrato da realidade e um chamado à ação. Valorizar essas mulheres, garantir seus direitos e construir políticas com foco na equidade são passos urgentes para um futuro mais justo em Alagoas — e no Brasil.

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