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Alagoas
Postada em 23/05/2025 18:40 | Por Todo Segundo

Alagoas lidera ranking proporcional de pessoas com deficiência no Brasil

No Estado, 1 em cada 10 pessoas enfrenta algum tipo de dificuldade funcional, aponta IBGE
Alagoas é o estado com maior percentual proporcional de pessoas com deficiência no país - Foto: IBGE

Os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam um cenário preocupante em Alagoas. O estado aparece em primeiro lugar no país no percentual de pessoas com deficiência (PcDs).

De acordo com a pesquisa, 9,6% da população alagoana com dois anos ou mais — o equivalente a 291.546 pessoas — têm alguma dificuldade funcional. Esse grupo depende de políticas públicas efetivas de acessibilidade e inclusão para garantir o direito de participar plenamente da vida social, educacional e econômica.

Do total de PcDs em Alagoas, a maioria (6,8%) apresenta uma única dificuldade funcional, enquanto 2,8% convivem com duas ou mais limitações. Entre os tipos de deficiência, os problemas de visão são os mais comuns: 163,7 mil alagoanos relatam dificuldade permanente para enxergar, mesmo com o uso de óculos ou lentes de contato.

Em seguida, aparecem os problemas de mobilidade: cerca de 109 mil pessoas têm dificuldade permanente para andar ou subir degraus. As deficiências relacionadas à coordenação motora fina atingem quase 59 mil alagoanos. Já as limitações nas funções mentais foram relatadas por 49,8 mil pessoas, e cerca de 42,7 mil disseram ter dificuldade permanente para ouvir, mesmo com o uso de aparelho auditivo.

No comparativo nacional, Alagoas também apresenta os maiores percentuais do Brasil em pessoas com problemas de visão (5,4% da população com dois anos ou mais), dificuldades de mobilidade (3,6%) e de coordenação motora fina (1,9%).

Mulheres, idosos e negros: os mais impactados

A prevalência da deficiência aumenta com a idade. Em Alagoas, 75,3% das pessoas com 100 anos ou mais têm algum tipo de limitação. Entre os que têm 70 anos ou mais, o índice é de 36%, e, a partir dos 60 anos, chega a 28%. Contudo, mesmo entre faixas etárias abaixo dos 60 anos, os números já são elevados. A partir dos 40 anos, Alagoas supera a média nacional: 8,6% entre 40 a 44 anos; 12,1% entre 45 a 49; 15,7% dos 50 aos 54; e 18% entre 55 e 59 anos.

As mulheres representam a maioria das pessoas com deficiência em Alagoas. O percentual entre elas é de 10,8%, contra 8,2% entre os homens — o maior índice feminino do país. No recorte racial, os maiores percentuais foram observados entre pessoas de cor ou raça amarela (13%), seguidas por pretos (12%), indígenas (11,6%), brancos (9,8%) e pardos (9%).

Educação: um direito ainda negado

A exclusão educacional é um dos principais desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência em Alagoas. Quase 73% das PcDs com 25 anos ou mais não têm instrução ou estudaram apenas até o fundamental incompleto. No restante da população alagoana, essa proporção é de 44,7%.

O acesso ao ensino superior ainda é privilégio de poucos: só 4,8% das PcDs em Alagoas têm curso superior completo, abaixo da média nacional (7,4%). Entre as pessoas sem deficiência, o percentual salta para 14,6%.

A taxa de analfabetismo entre PcDs também é alarmante: 36,8% das pessoas com deficiência com 15 anos ou mais são analfabetas. O estado ocupa o segundo lugar nesse ranking nacional, atrás apenas do Piauí (38,8%). Já considerando toda a população, Alagoas é líder nacional em analfabetismo, com 16%.

Um desafio que exige resposta imediata

Os dados revelam um retrato de exclusão que vai além das limitações físicas. Eles evidenciam um problema social, estrutural e histórico. Em vez de serem exceção, as barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência são parte do cotidiano, resultado direto da ausência de políticas públicas eficazes.

A urgência por inclusão precisa ser encarada como prioridade pelos gestores públicos. Assegurar acessibilidade urbana, ampliar o acesso à educação inclusiva, promover políticas de saúde específicas, qualificar profissionalmente e abrir oportunidades reais no mercado de trabalho são passos fundamentais para garantir os direitos dessa parcela expressiva da população.

Sobre a pesquisa

O Censo Demográfico 2022 trouxe resultados preliminares da amostra sobre pessoas com deficiência e indivíduos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com base em diretrizes internacionais do Grupo de Washington para Estatísticas sobre Pessoas com Deficiência.

A pesquisa investigou cinco domínios funcionais: visão, audição, mobilidade com os membros inferiores, coordenação motora fina e funções mentais. Os dados foram desagregados por Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação e Municípios, com recortes por cor ou raça, sexo e faixa etária.

Os resultados completos estão disponíveis no portal do IBGE.

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