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Política
Postada em 12/12/2025 17:39 | Atualizada em 12/12/2025 17:40 | Por Todo Segundo

Mariângela Fialek teria atuado “sob ordens diretas” de Lira, aponta Flávio Dino

Investigação aponta esquema de repasses milionários a municípios ligados a Arthur Lira
Mariângela Fialek atuava “sob ordens diretas” de Arthur Lira, aponta ministro Flávio Dino - Foto: Gustavo Moreno/STF

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que Mariângela Fialek — conhecida como Tuca — ex-assessora do deputado e ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), atuava “supostamente sob ordens diretas” do parlamentar no controle de desvios de emendas parlamentares provenientes do chamado orçamento secreto. A declaração integra a decisão que autorizou uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta sexta-feira (12), em Brasília, tendo Mariângela como alvo.

Segundo Dino, a servidora, que atualmente está lotada na liderança do PP, “exercia o controle” de recursos desviados e fazia parte de uma “estrutura organizada” para o direcionamento indevido das emendas.
“Tais circunstâncias evidenciam fortes indícios de que a Representada integra uma estrutura organizada voltada ao indevido direcionamento de emendas parlamentares, supostamente atuando sob ordens diretas da antiga Presidência da Câmara dos Deputados, exercida pelo Deputado Arthur Lira, fato que ainda está em apuração”, escreveu o ministro.

O inquérito que embasa a operação reuniu declarações de seis parlamentares e indica que a atuação de Mariângela envolvia pressão política e manipulação de repasses milionários.

O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) relatou episódios de coerção nos bastidores da Câmara, incluindo a suposta ameaça de Lira de retirar José Rocha da presidência de uma comissão caso não houvesse o redirecionamento dos recursos desejado. Glauber também mencionou repasses considerados atípicos para municípios de Alagoas, especialmente para Rio Largo, administrado por um aliado de Lira e beneficiado com valores muito acima do padrão nacional.

Outro parlamentar, José Rocha (União-BA), afirmou que, ao assumir o comando de uma comissão, recebeu de Mariângela minutas de ofício e planilhas que totalizavam mais de R$ 1 bilhão, sem qualquer identificação de autores, objetos ou beneficiários. Ele relatou ter insistido por WhatsApp para obter as informações completas, sem sucesso.

Rocha disse ainda que uma das remessas previa o envio de R$ 320 milhões para o estado de Alagoas, reduto eleitoral de Lira. Ao segurar o repasse ao ministério até receber explicações formais, afirmou ter recebido telefonema do deputado, que o acusou de estar “criando problema”.

A operação da PF cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de Mariângela e em sua sala de trabalho na Câmara dos Deputados. A corporação investiga desvios e manipulações na destinação de recursos públicos por meio de emendas parlamentares — um dos núcleos mais sensíveis das apurações sobre o orçamento secreto.

Apesar de estar oficialmente vinculada à liderança do PP, Mariângela sempre foi apontada como braço direito de Arthur Lira, especialmente no período em que ele presidiu a Câmara.

Procurada, a assessoria de Arthur Lira informou que o deputado não vai se manifestar sobre a operação, reforçando que ele não é investigado no inquérito.

As investigações continuam sob sigilo, e novas diligências podem ser autorizadas pelo STF nos próximos dias.

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