O deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) foi escolhido relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, instalada nesta quarta-feira (20) no Congresso Nacional para investigar um dos maiores esquemas de fraudes já detectados contra aposentados e pensionistas do país. A escolha, que surpreendeu parte da classe política em Brasília, coloca Alagoas em posição de destaque no comando das apurações que podem repercutir em todo o Brasil.

A definição ocorreu logo após a eleição do senador Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência da CPMI. O movimento contrariou acordos prévios costurados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A expectativa era de que o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), aliado de Motta, fosse o relator. Mas Viana rompeu o entendimento e indicou Gaspar, que faz parte da oposição ao Palácio do Planalto e tem proximidade com o bolsonarismo.

Quem é Alfredo Gaspar

Natural de Maceió, Alfredo Gaspar, 55 anos, cumpre seu primeiro mandato como deputado federal desde 2023. Advogado de formação, com pós-graduação em Direito Público, ele construiu carreira no sistema de Justiça e segurança. Foi promotor de Justiça do Ministério Público de Alagoas por mais de duas décadas, chegando a chefiar o órgão como procurador-geral. Também comandou a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas em duas oportunidades, período marcado pelo enfrentamento direto ao crime organizado.

No Congresso, Gaspar tem atuação ativa em temas de segurança, justiça e tecnologia. Foi vice-líder do União Brasil e já integrou comissões como a de Constituição e Justiça, Relações Exteriores e Defesa Nacional, além da de Segurança Pública. Também coordenou a comissão externa que acompanha o colapso do solo em Maceió, decorrente da exploração de sal-gema pela Braskem.

CPMI do INSS

A CPMI foi criada a partir de requerimento da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e da deputada Coronel Fernanda (PL-MT), que reuniram apoio de 223 deputados e 36 senadores. O colegiado tem 32 titulares (16 deputados e 16 senadores) e prazo inicial de 180 dias para investigar as irregularidades.

As denúncias se baseiam em investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgadas em abril, que apontaram um esquema de cobranças indevidas de mensalidades de entidades associativas descontadas diretamente dos benefícios de aposentados e pensionistas. Entre 2019 e 2024, o rombo estimado chegou a R$ 6,3 bilhões.

Impacto para Alagoas

A escolha de Gaspar para a relatoria amplia o protagonismo de Alagoas no cenário nacional. Além de ser um dos nomes mais identificados com o combate ao crime organizado no estado, o deputado agora terá papel decisivo em um tema que envolve milhões de beneficiários do INSS.

Analistas políticos avaliam que a relatoria pode fortalecer a projeção de Gaspar dentro da oposição em Brasília e consolidar sua imagem de parlamentar atuante contra corrupção e fraudes. Ao mesmo tempo, aumenta a responsabilidade do deputado alagoano em conduzir investigações que envolvem interesses bilionários e grande pressão política.