As direções nacionais do MDB e do Republicanos intensificam as negociações para formar uma federação partidária, de olho nas eleições de 2026. A articulação, conduzida por Baleia Rossi (MDB) e Marcos Pereira (Republicanos), pretende unir os dois partidos em um bloco sólido que possa disputar em pé de igualdade com federações já consolidadas, como PT-PV-PCdoB e União Brasil-PP.

O movimento, no entanto, ainda enfrenta resistências em alguns estados, como Paraíba, Bahia, Roraima e Espírito Santo. A meta é resolver essas pendências nas próximas semanas, em reunião prevista entre os dois dirigentes. Apesar dos entraves, o clima entre os articuladores é de otimismo. “As arestas são poucas e fáceis de resolver”, afirmou Baleia Rossi.

Na última segunda-feira (9), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), recebeu lideranças das duas siglas no Palácio dos Bandeirantes, indicando que o entendimento está mais próximo. Ministros emedebistas do governo Lula, como Renan Filho (Transportes) e Jader Filho (Cidades), também entraram em campo para reforçar o projeto.

Renan Filho, que já presidiu o MDB alagoano e segue como uma das figuras mais influentes do partido no Nordeste, tem defendido a federação como um caminho estratégico para manter protagonismo no Congresso Nacional. “Ou a gente forma uma federação e vamos a próximo de 100 deputados na Câmara e à maior bancada do Senado, ou então vamos para série B da política”, disse Renan em evento com empresários em São Paulo.

Impactos em Alagoas

A eventual federação terá desdobramentos diretos em Alagoas, onde MDB e Republicanos hoje têm trajetórias distintas, mas com potenciais pontos de convergência. O MDB comanda o governo estadual com Paulo Dantas e mantém uma base sólida no interior. Já o Republicanos, que se fortaleceu nas eleições municipais de 2020, tem presença relevante em diversas prefeituras e trabalha para crescer em 2026.

Nos bastidores, aliados de Renan Filho avaliam que a federação pode ser o caminho para isolar adversários como o prefeito de Maceió, JHC (PL), e fortalecer o grupo palaciano tanto na disputa pela sucessão estadual quanto nas vagas ao Senado e à Câmara dos Deputados.

Por outro lado, o Republicanos alagoano tem quadros que circulam na órbita bolsonarista e ainda resistem a um alinhamento com a ala lulista do MDB. A costura nacional, portanto, poderá exigir acenos e concessões locais. A presença de Renan Filho entre os defensores mais veementes da federação indica, porém, que o grupo emedebista pretende liderar a negociação em Alagoas.

Desfecho à vista

O desenho final da federação entre MDB e Republicanos deverá ser definido até agosto, prazo considerado ideal para a organização dos palanques regionais rumo às eleições municipais de 2026. A expectativa de Baleia Rossi e Marcos Pereira é que os impasses estaduais sejam superados em nome de um projeto maior de poder.

Caso a federação se concretize, MDB e Republicanos passarão a atuar como um só partido, com programa unificado, fidelidade partidária cruzada e divisão de fundo eleitoral e tempo de TV. Em Alagoas, esse arranjo pode forçar realinhamentos e atrair figuras que hoje ainda não decidiram por qual legenda disputarão o próximo pleito.