Amigos, familiares, músicos e admiradores deram o último adeus ao compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal, nesta segunda-feira (15), na Areninha Cultural Hermeto Pascoal, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro. A cerimônia segue aberta ao público até as 21h e reúne homenagens emocionadas a um dos maiores nomes da música instrumental brasileira.

Hermeto faleceu no último sábado (13), aos 89 anos, em decorrência de complicações de fibrose pulmonar. O corpo será sepultado nesta terça-feira (16), em local ainda não divulgado.

Raízes em Lagoa da Canoa

Nascido em 1936, em Lagoa da Canoa, no Agreste de Alagoas, Hermeto Pascoal cresceu em meio às tradições da zona rural. Autodidata, começou a tocar acordeon e flauta ainda na infância, tirando sons de objetos do cotidiano, como chaleiras, folhas e pedaços de ferro. Aos 15 anos, já era músico profissional e seguiu para o Recife em busca de novas oportunidades.

Mesmo com o reconhecimento internacional, sempre fez questão de lembrar suas origens simples e de exaltar a cultura nordestina. Sua cidade natal se orgulha de ter sido o berço de um gênio que transformou elementos do dia a dia em música universal.

O “Bruxo dos Sons”

A alcunha de “bruxo” veio justamente da sua capacidade de extrair música de tudo. Para o filho, Fábio Pascoal, o apelido faz jus ao pai:
— “Desde os 10 anos, ele pegava sobras de ferro do avô, fazia flautas de mamona, tocava chaleira, copo com água... Uma jornalista o chamou de bruxo por causa desse alquimismo. A música dele é eterna”, disse.

A compositora e arranjadora Carol Panesi, que trabalhou ao lado de Hermeto, destacou a dimensão universal de sua obra:
— “Ele é imortal, e o legado dele realmente é infinito. Criativo, livre, autêntico, imprevisível, incrível. Uma das pessoas mais generosas que já conheci”, afirmou.

Legado imortal

Hermeto Pascoal venceu três vezes o Grammy Latino e conquistou projeção mundial com sua genialidade, improviso e fusão de estilos. Seu último trabalho, lançado no ano passado, foi o álbum “Pra você, Ilza”, dedicado à esposa Ilza da Silva, com quem foi casado por mais de 40 anos.

O mestre deixa seis filhos, 13 netos e 10 bisnetos, além de um legado que atravessa fronteiras e reafirma o papel de Lagoa da Canoa como o ponto de partida de um dos maiores artistas da música universal.