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Alagoas
Postada em 13/05/2025 08:41 | Atualizada em 13/05/2025 08:55 | Por Todo Segundo

Em Alagoas, 98% dos assassinados têm a mesma cor: são negros

Estudo mostra que risco de morte para negros é quase 800% maior do que para não negros
Número alarmante: 98,8% das vítimas de homicídio em Alagoas são negras - Foto: Todo Segundo / Arquivo

O mais recente Atlas da Violência, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, lança luz sobre uma realidade brutal e persistente em Alagoas: a cor da pele segue sendo um fator determinante para o risco de morte. Em 2023, dos 1.171 homicídios em que houve identificação racial das vítimas, 1.161 eram pessoas negras — o que representa assustadores 98,8% dos casos.

Embora o número total de homicídios no estado no mesmo ano tenha sido 1.194, o Atlas esclarece que 23 vítimas não tiveram a etnia informada e, por isso, não foram computadas no recorte racial. Mesmo com esse ajuste metodológico, o retrato é claro: em Alagoas, o negro morre mais. Morre muito mais.

A cada 100 pessoas assassinadas no estado em 2023, 99 eram negras. Um dado que deveria escandalizar, mas que infelizmente ecoa uma tendência histórica no território alagoano. De 2013 a 2023, o risco de um negro ser assassinado foi 793,2% maior do que o de uma pessoa não negra. Apenas o Amapá, com um índice de 1.177,5%, superou Alagoas neste triste ranking da desigualdade letal.

Mulheres negras também são maioria entre as vítimas de feminicídio

A disparidade também se manifesta com força nos dados sobre feminicídios. Em 2023, 71 das 72 mulheres assassinadas em Alagoas eram negras. Apenas uma mulher não negra foi vítima desse tipo de crime no estado, o que reforça que o machismo e o racismo se entrelaçam de maneira fatal na vida das mulheres negras alagoanas.

Violência ainda em alta, mas com queda no longo prazo

Apesar do cenário alarmante, o estado tem registrado uma tendência de redução no número total de homicídios ao longo da última década. Em 2013, Alagoas somava 2.148 assassinatos. Dez anos depois, esse número caiu para 1.194 — uma diminuição de aproximadamente 44%.

No entanto, a comparação com 2022 mostra que os índices voltaram a subir. Foram 1.136 homicídios naquele ano, ou seja, 58 a menos do que em 2023. Segundo o Fórum, se não fosse o crescimento registrado nos anos de 2021 e 2022, Alagoas poderia estar entre os estados com redução sistemática da violência, como Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba e São Paulo.

Violência seletiva: quando o racismo puxa o gatilho

Os dados reforçam o que movimentos sociais e especialistas em segurança pública vêm denunciando há anos: o genocídio da população negra. A letalidade policial, a ausência do Estado em territórios periféricos e o racismo estrutural estão no cerne dessa tragédia silenciosa que ceifa vidas e destrói famílias.

A cada novo relatório, o padrão se repete. Negros continuam sendo os principais alvos da violência letal no Brasil — e em Alagoas, essa desigualdade chega a patamares extremos.

Os números do Atlas da Violência 2025 não são apenas estatísticas. São retratos de uma realidade que exige mais do que indignação. Exige políticas públicas, responsabilização e, sobretudo, compromisso com a vida da população negra.

Lista de homicídios registrados em Alagoas em 2023: 1.194

1.161 negros

10 não negros

23 sem etnia informada

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