O nome do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), voltou com força ao centro das discussões eleitorais em Alagoas. Com o apoio do MDB, da Assembleia Legislativa e parte significativa da base governista, o ex-governador é apontado como principal nome do grupo para a disputa pelo governo do Estado em 2026. A leitura entre aliados é clara: se quiser, Renan Filho tem chances reais de vencer a disputa e retornar ao Palácio República dos Palmares pela terceira vez.
Mas há um fator histórico que pesa na decisão. Segundo fontes próximas ao ministro, Renan avalia com cautela o impacto político de um eventual terceiro mandato. A comparação inevitável é com Divaldo Suruagy, único nome na história política de Alagoas a assumir o Executivo estadual por três vezes – sendo a última marcada por uma grave crise econômica que culminou em protestos, salários atrasados e na renúncia ao cargo, em 1997.
A “maldição do terceiro mandato”, como o episódio de Suruagy ficou conhecido nos bastidores políticos locais, ainda assombra parte da elite política alagoana. Embora o cenário econômico atual seja distinto, aliados de Renan avaliam que um novo governo traria desgastes inevitáveis e colocaria em risco o capital político que ele acumulou nacionalmente.
Legado e articulação
Renan Filho foi governador entre 2015 e 2022, com índices elevados de aprovação e forte controle sobre a máquina pública estadual. Em 2022, renunciou ao cargo para disputar o Senado e venceu com ampla vantagem. Hoje, como ministro de Lula, ampliou sua influência em Brasília e tornou-se um dos nomes de confiança do Planalto na articulação de obras de infraestrutura pelo país.
Nos bastidores, contudo, o ministro continua influente em Alagoas. Seu grupo mantém o comando do Estado com o governador Paulo Dantas (MDB), e lideranças como o senador Renan Calheiros e o presidente da Assembleia, Marcelo Victor, já sinalizaram apoio à sua volta em 2026.
Riscos e decisões
Ainda assim, o retorno ao governo exige cálculo. Além da comparação com Suruagy, Renan também avalia os cenários nacionais. Há quem defenda que ele permaneça no núcleo central do governo Lula e mantenha a projeção nacional visando voos ainda mais altos — como uma eventual candidatura a vice-presidente ou outro posto de destaque na Esplanada.
Por enquanto, a decisão ainda não está tomada. Mas nos bastidores, a equação entre o desejo de continuidade, a viabilidade eleitoral e o fantasma do passado começa a moldar o futuro político de Renan Filho — e, por consequência, o de Alagoas.
E-mail: portaltodosegundo@hotmail.com
Telefone: 3420-1621