Alagoas registrou, no primeiro trimestre de 2025, a segunda maior taxa de subutilização da força de trabalho do país, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (16), pela PNAD Contínua do IBGE. O índice atingiu 27,5%, ficando atrás apenas do Piauí (34%) e empatado com a Bahia.
A taxa considera não apenas os desempregados, mas também os subocupados — trabalhadores que atuam por menos horas do que gostariam — e as pessoas na força de trabalho potencial, aquelas que desejam trabalhar, mas que por diferentes razões não buscaram uma vaga no período de referência.
O dado reforça as dificuldades enfrentadas pela região Nordeste, que concentra os maiores índices de subutilização no país, refletindo um mercado de trabalho mais frágil e desigual em comparação às demais regiões brasileiras.
Desalento segue alto
Um dos destaques negativos para Alagoas é o elevado número de trabalhadores desalentados — pessoas que desistiram de procurar emprego por desânimo ou por não acreditarem que encontrarão uma oportunidade. No estado, o desalento atinge 9,8% da população na força de trabalho ampliada, uma das maiores proporções do país.
O índice revela não apenas a escassez de vagas, mas também a falta de perspectiva entre os trabalhadores. É um retrato da frustração generalizada e da baixa eficácia das políticas públicas voltadas à geração de emprego e inclusão produtiva.
Informalidade e baixa renda
Apesar de o IBGE não detalhar a informalidade por estado no relatório divulgado, Alagoas segue a tendência da Região Nordeste, onde a taxa de informalidade atinge 38%. Isso significa que uma parcela significativa da população ocupada trabalha sem carteira assinada, sem proteção trabalhista e, geralmente, com rendimentos mais baixos.
O rendimento médio real na região Nordeste foi de R$ 2.383 — o menor entre todas as regiões do país. Em Alagoas, o trabalho informal muitas vezes é a única alternativa de sustento para milhares de famílias.
Mulheres, jovens e pessoas com baixa escolaridade são os mais afetados
A desigualdade no mercado de trabalho também tem recortes marcantes. Mulheres enfrentam mais dificuldades para conseguir emprego: a taxa de desocupação feminina no país foi de 8,7%, contra 5,7% entre os homens. Jovens e pessoas com menor escolaridade também estão entre os mais prejudicados.
Entre os brasileiros com ensino médio incompleto, por exemplo, a taxa de desocupação é quase três vezes maior do que entre aqueles com ensino superior completo (3,9%). Esses dados ajudam a explicar por que a força de trabalho em Alagoas é tão subutilizada: há uma concentração de trabalhadores nos grupos sociais mais vulneráveis, com menos acesso à educação e qualificação.
Problema estrutural
Mais do que um reflexo do momento econômico, os dados do IBGE revelam um problema estrutural em Alagoas: a fragilidade do mercado de trabalho. A escassez de empregos formais, aliada à baixa qualificação profissional e à concentração de investimentos em regiões mais desenvolvidas do país, dificulta a inserção de milhares de trabalhadores no mercado.
Superar esse cenário exige ações de longo prazo, com foco na educação, formação técnica, atração de investimentos e fortalecimento da economia local. Também é necessário ampliar o acesso às políticas de apoio ao trabalhador, especialmente para os mais vulneráveis.
Enquanto isso não acontece, o estado continua convivendo com altos índices de subutilização da força de trabalho — um retrato da desigualdade social e do desafio que ainda separa Alagoas de um mercado de trabalho mais justo e inclusivo.
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