A investigação sobre a morte do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, ocorrida, em 3 de maio deste ano, em Palmeira dos Índios, Agreste de Alagoas, deu mais um passo importante com a revelação de um dado técnico que pode ajudar a esclarecer os fatos. Um laudo pericial confirmou a presença de material genético no revólver supostamente apreendido como sendo do menor, conforme alegam os policiais militares envolvidos na perseguição.
Durante a fuga, de acordo com a polícia, o adolescente teria sacado um revólver calibre .38 e disparado contra a guarnição, que reagiu e o baleou. A família, no entanto, contesta essa versão. Os parentes afirmam que o jovem não estava armado e questionam a proporção da ação policial.
Embora o documento não especifique se o vestígio encontrado é sangue, pele ou outro resíduo biológico, o laudo confirma que há DNA na arma. A partir dessa constatação, o delegado responsável solicitou que os pais de Gabriel comparecessem ao Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca para coleta de material genético e confronto com o vestígio encontrado.
O procedimento foi realizado na tarde desta sexta-feira (20), com a colaboração imediata da família, que segue firme na busca por justiça. As informações são exclusivas do Portal Todo Segundo.
O delegado responsável pelo inquérito informou a família sobre a nova etapa da investigação, mas os detalhes do laudo permanecem sob sigilo, assim como outras frentes da apuração. O caso segue sendo tratado como prioridade e com cautela pelas autoridades policiais.
Exames ainda aguardados
Além do exame genético, a comissão especial de delegados aguarda os resultados de dois laudos considerados cruciais para a conclusão do inquérito:
Até o momento, ambos os resultados ainda não foram entregues oficialmente à Polícia Civil.
Versões divergentes
Segundo a versão dos policiais militares, Gabriel Lincoln realizava manobras perigosas em uma motocicleta e não teria obedecido à ordem de parada. Durante a perseguição, ele teria sacado um revólver e efetuado disparos contra os agentes, que reagiram e o alvejaram.
A família contesta essa narrativa. Os pais afirmam que o jovem não estava armado e denunciam a desproporcionalidade da ação policial. Um ponto que levanta ainda mais dúvidas é o fato de que a arma atribuída a Gabriel não possui registro no Sistema Nacional de Armas da Polícia Federal, o que reforça a necessidade de uma investigação minuciosa e transparente.
Investigação na reta final
Com as oitivas dos policiais militares já realizadas em Maceió, além dos depoimentos dos pais de Gabriel e de várias testemunhas, a investigação entra na fase final. A comissão especial que acompanha o caso confirmou que haverá uma reprodução simulada da ação policial — embora a data exata ainda não tenha sido definida, a simulação está prevista para o início de julho.
O Instituto de Criminalística (IC) será responsável pela parte técnica da simulação, que contará com a participação de peritos, testemunhas e representantes do Ministério Público Estadual.
Após a conclusão dessa etapa e a entrega de todos os laudos periciais, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público de Alagoas, que analisará o caso e definirá as medidas jurídicas cabíveis.
Clamor por justiça
Desde a morte de Gabriel, o caso gerou comoção em Palmeira dos Índios e mobilizações da comunidade. Familiares, amigos e moradores cobram transparência, rigor nas investigações e punição caso haja comprovação de excessos ou irregularidades.
Enquanto o inquérito segue sob sigilo, a expectativa é que os fatos sejam esclarecidos com base em elementos técnicos e jurídicos, conforme o andamento das investigações.
E-mail: portaltodosegundo@hotmail.com
Telefone: 3420-1621