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Coisa da Política

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Postada em 09/05/2025 09:47

“Faixa de Gaza”: Alagoas vira campo de guerra entre Renan e Lira em 2026

Em ano de sucessão estadual, Alagoas segue refém da guerra entre dois generais
Em ano de sucessão estadual, Alagoas segue refém da guerra entre Calheiros e Lira - Foto: Reprodução

Em meio à corrida pela sucessão no governo de Alagoas, o estado segue encurralado por uma das disputas políticas mais duras do país. A rivalidade entre Renan Calheiros (MDB) e Arthur Lira (PP), dois dos principais caciques nacionais, mantém Alagoas em clima de “guerra total” — uma realidade que já rendeu ao estado o apelido, em Brasília, de “Faixa de Gaza”.

Estarão em jogo o cargo de governador, duas vagas no Senado Federal, cadeiras na Assembleia Legislativa de Alagoas e na Câmara dos Deputados. Um teste de força entre os dois grupos, que se organizam não só para vencer o pleito majoritário, mas também para dominar a representação legislativa estadual e federal.

Longe de ser uma força de expressão exagerada, a comparação com zonas de conflito aponta para a instabilidade e o ambiente tóxico que se instalaram na política alagoana. A disputa pelo Palácio República dos Palmares em outubro de 2026 é a continuação de um conflito de longa data que sufoca articulações políticas, trava decisões administrativas e molda o cenário nacional a partir de um estado pequeno, mas influente.

Arthur Lira, mesmo fora da presidência da Câmara desde o início de 2025, segue como peça central do jogo. Dono de uma base fiel no interior, aposta em um nome próprio — ainda em definição — para tentar derrotar o grupo de Renan, que agora tem seu principal trunfo de volta ao tabuleiro: o ex-governador e atual ministro dos Transportes, Renan Filho, já foi confirmado como candidato ao governo.

JHC entre o governo e o Senado

A confirmação de Renan Filho como candidato obrigou outros atores a se reposicionarem. O prefeito de Maceió, JHC (João Henrique Caldas), que vinha sendo ventilado como possível nome alternativo à polarização, agora se vê diante de um dilema estratégico: enfrentar Renan Filho pelo governo ou disputar uma das duas vagas ao Senado Federal.

Internamente, aliados avaliam que uma candidatura ao Senado permitiria a JHC ampliar sua projeção política sem entrar diretamente na linha de tiro dos dois grupos tradicionais. Por outro lado, o prestígio na capital e o apoio de setores da direita moderada tornam plausível uma candidatura ao governo — desde que ancorada em uma frente ampla e com forte mobilização eleitoral.

A decisão de JHC ainda não foi anunciada, mas sua movimentação nos bastidores já provoca repercussões e poderá ser determinante para o equilíbrio de forças no estado.

Silêncio de Lula fortalece Alcolumbre

Enquanto isso, o presidente Lula evita tomar posição. Com aliados nos dois campos, o petista prefere manter distância da briga local, ciente do risco de desagradar uma das pontas e desestabilizar sua base no Congresso. Esse vácuo político abriu espaço para Davi Alcolumbre (União-AP), que articula discretamente um nome de consenso e vem agradando parte da elite política alagoana cansada do confronto permanente entre Renan e Lira.

Trincheiras bem definidas

A disputa escancarou as trincheiras. De um lado, o MDB de Renan tenta retomar o controle do governo com Renan Filho. De outro, o PP de Lira avança com prefeitos, parlamentares e líderes empresariais que se afastaram do grupo rival. No meio, JHC observa e calcula seus próximos passos.

A campanha já começou, na prática, muito antes do prazo legal. A tensão já respinga em obras, convênios e nomeações, travando pautas administrativas. O resultado é um estado paralisado, onde decisões de governo passam pelo filtro do conflito político.

Alagoas entre dois generais 

Com os dois grupos em guerra aberta, o governo federal pisando em ovos e um terceiro nome podendo entrar na disputa, o futuro de Alagoas em 2026 é uma incógnita. A eleição, que deveria ser uma escolha democrática sobre rumos administrativos e representatividade no Congresso, virou um combate de sobrevivência entre generais veteranos. E, como sempre, quem mais perde é a população no meio do fogo cruzado.

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